De Moscovo para Estocolmo, a internacional portuguesa Carolina Mendes revela já ter conversado com Cláudia Neto sobre o futebol sueco. Quer fazer os golos que permitam ao seu novo clube, o Djurgardens, manter-se entre os grandes e confidencia, em entrevista à WUP Sports, o seu gosto pelo desafio que representa ir para um país desconhecido.
WUP Sports: Quais são as suas primeiras impressões de Estocolmo?
Carolina Mendes: Estou cá há 3 ou 4 dias. As primeiras impressões são a de um país extremamente organizado. Deu para perceber que dão muita importância ao futebol feminino e até agora têm sido muito recetivos e atenciosos comigo.
WS: Falou com Cláudia Neto sobre esta mudança?
C.M.: Antes de vir não falei com ninguém, foi tudo muito rápido. Aconteceu de um dia para o outro. As pessoas ficaram até um pouco surpreendidas com a minha vinda. Entretanto já tive oportunidade de falar com a Cláudia, aliás nestes poucos dias já fizemos um jogo-treino contra o Linkoping, falámos sobre o futebol aqui na Suécia e pusemos a conversa em dia.
WS: Será especial defrontar a Cláudia e a Marta?
C.M.: Todos os jogos vão ser especiais. Quando jogar contra elas só espero que não marquem golos à minha equipa.
WS: Que metas espera atingir no Djurgardens?
C.M.: Para já quero adaptar-me ao futebol na Suécia e ganhar o meu espaço na equipa. Os objetivos do clube passam pela manutenção na I Liga sueca. Vou ajudar a equipa a atingir esse objetivo, marcando golos que é essa a minha função.
WS: Cinco anos no estrangeiro, quatro países diferentes. Tem sido fácil adaptar-se a realidades tão diferentes como a de Itália e Rússia?
C.M.: Sou uma pessoa que se adapta facilmente a situações e lugares novos. Aliás, é como se me pusesse à prova cada vez que vou para um país novo. O desconhecido funciona um pouco como um estímulo para mim. E também é isso que me faz aceitar novos desafios como o da época passada na Rússia. São experiências que nos enriquecem sempre a nível profissional e pessoal e acabam por ser experiências de vida.
WS: Guarda boas recordações de Moscovo? Vai sentir saudades?
C.M.: Moscovo é uma cidade maravilhosa e é uma das minhas preferidas. Claro que vou ter saudades. Estive lá 1 ano e 4 meses, guardo coisas muito boas e algumas menos boas. O clube dá todas as condições e para quem sai do país para jogar futebol é perfeito. Foi muito giro, mas penso que estava na altura de mudar.
WS: Esta sua transição prejudicou a convocatória para a Seleção Nacional?
C.M.: Não diria que foi a transição. O facto de não ter renovado na Rússia retardou o processo de assinar novo contrato e isso de alguma maneira prejudicou a minha ida à Seleção Nacional. Mas cabe-me agora trabalhar bem no clube e começar a jogar para ser chamada na próxima convocatória.
WS: Tem um trajeto de grande qualidade. O que considera ter sido essencial para esse progresso?
C.M.: O meu trabalho. Nunca desistir daquilo que gosto. Propor-me sempre a novos desafios e nunca parar de sonhar. E sem dúvida que a minha família e amigos são o meu pilar. Jogar noutro país nem sempre é um mar de rosas e sem esse suporte nunca teria chegado até aqui – aliás, espero não ficar por aqui e continuar a construir o meu caminho.
WS: Que aspetos considera mais urgentes melhorar no futebol português?
C.M.: Urgente seria aumentar o número de raparigas a jogar futebol, criar mais escolas para os escalões de formação e conseguir a entrada dos grandes no campeonato. O futebol feminino português tem evoluído bastante. Leva o seu tempo, mas a FPF tem investido muito. Neste momento temos mais praticantes, surgem jogadoras novas com muita qualidade, há mais escalões nas seleções nacionais, os clubes já oferecem melhores condições para a prática do futebol e para as jogadoras. Estamos no bom caminho.
